08 abril 2008

COMO RECICLAR AS EMBALAGENS LONGA VIDA

23/10/2005
Método nacional de reciclagem de embalagens longa-vida chama atenção internacional No Brasil, nada se perde, tudo se... recicla! Depois de se tornar o maior reciclador de latas de alumínio e atingir um dos índices mais altos em papelão ondulado, o país agora exporta um modelo tecnológico que revoluciona a reciclagem no mundo. Em Piracicaba, no interior de São Paulo, funciona desde maio a primeira planta de reciclagem de embalagens longa vida do mundo. A nova fábrica, fruto de investimento de quatro empresas (Klabin, Tetra Pak, Alcoa e TSL), faz uso inédito da tecnologia de Plasma, que permite a separação total do alumínio e do plástico que compõem a embalagem. Tecnologicamente, o processo revoluciona o modelo atual de reciclagem das embalagens longa vida, que até então separava o papel, mas mantinha o plástico e o alumínio unidos. Ambientalmente, reduz em 100% o impacto que estas embalagens teriam ao serem descartadas, o que no Brasil, segundo maior consumidor deste tipo de material no mundo, significa muito. Socialmente e economicamente, tende a aumentar o preço da tonelada recolhida, o que impacta a vida dos catadores e aumenta o interesse de prefeituras em bancar a separação do lixo.

Todas estas razões abriram o caminho para a exportação da tecnologia e do modelo de produção. Em dezembro, uma planta de reciclagem nos mesmos moldes da de Piracicaba será inaugurada na cidade de Valência, na Espanha, pela fabricante de papel Nesa. O investimento feito pela empresa espanhola foi de € 6 milhões. Outros países na Europa também se mostram interessados pela tecnologia brasileira, como Alemanha, Itália, França e Holanda. Em setembro, uma delegação do governo chinês esteve no Brasil para conhecer todo o processo de coleta seletiva e reciclagem de embalagens longa vida. A delegação chinesa foi liderada por Xu Jiangping, chefe do Instituto de Desenvolvimento da Indústria da Comissão de Desenvolvimento e Reforma Nacional. Além da fábrica, a agenda programada para o grupo de chineses englobou visitas a uma cooperativa de catadores em São Paulo e a uma empresa fabricante de placas e telhas a partir da mistura de plástico e alumínio das embalagens.

Fernando von Zuben, diretor de Meio Ambiente da Tetra Pak, o explica que o processo de Plasma permite não só a reciclagem completa das embalagens, como o retorno dos três componentes da embalagem para a cadeia produtiva como matéria-prima. O sistema usa energia elétrica para produzir um jato de plasma a 15 mil graus Celsius para aquecer a mistura de plástico e alumínio. Com o processo, o plástico é transformado em parafina e o alumínio, totalmente recuperado em forma de lingotes de alta pureza. ”Foram sete anos de pesquisa e desenvolvimento para chegarmos a este novo processo”, afirma von Zuben.A Alcoa, que fornece a folha fina de alumínio da embalagem, utiliza o alumínio reciclado para a fabricação de novas folhas, fechando o ciclo do material. A parafina é vendida para a indústria petroquímica nacional. Já o papel, extraído na primeira etapa da reciclagem ainda na indústria de papel, mantém seu ciclo normal de reciclagem, sendo transformado em caixas de papelão pela Klabin.

Este retorno da matéria-prima – mais barata – às linhas de produção das empresas investidoras explica o interesse em realizar um investimento tão pesado. A construção da nova planta consumiu cerca de R$ 12 milhões, compartilhados entre as quatro empresas. A nova planta está localizada ao lado da fábrica da Klabin em Piracicaba, cuja linha de produção já recicla a camada de papel das embalagens cartonadas (longa vida) e recebeu da Klabin investimentos de US$ 2,5 milhões nos últimos 5 anos. Hoje, a Klabin já é a maior recicladora de papéis do Brasil, com capacidade para produção de 400 mil toneladas de papel reciclado por ano.O efeito benéfico sobre o ambiente também atrai. A unidade de Plasma tem capacidade para processar 8 mil toneladas por ano de plástico e alumínio – o que equivale à reciclagem de 32 mil toneladas de embalagens longa vida. A emissão de poluentes na recuperação dos materiais é próxima de zero, feita na ausência de oxigênio, sem queimas, e com eficiência energética próxima de 90%. Vladimir Ranevsky, diretor de Novos Negócios da TSL, destaca que essa tecnologia permite que se reduza drasticamente a demanda pelo consumo de recursos naturais necessários para a produção das embalagens. A TSL é a responsável pela operação da fábrica.
Mas é o impacto social o que vem sendo mais festejado pelos empreendedores. A ampliação do volume de reciclagem das embalagens longa vida usadas leva, conseqüentemente, ao incremento da cadeia de reciclagem, com a geração de emprego e renda. “A nova planta é um marco no ciclo de reciclagem das embalagens longa vida. É um efeito cascata: a embalagem passa a valer mais para o reciclador e automaticamente passa a valer mais para o catador, que irá buscar mais e mais embalagens”, afirma von Zuben, da Tetra Pak. Estima-se que a nova tecnologia deve aumentar o valor da tonelada das embalagens longa vida pós-consumo pago às cooperativas de catadores, nos próximos dois anos, com a consolidação das operações. A expectativa é de um aumento de 30% no valor pago pela empresa recicladora às cooperativas de catadores. Hoje a média é de R$ 250,00 por tonelada. Para André Vilhena, diretor-executivo do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), a iniciativa vai certamente estimular as cooperativas de catadores e a participação das prefeituras em programas de coleta seletiva.
Vilhena lembra que ninguém deve ficar surpreso com o fato de uma tecnologia como esta, um exemplo ao mundo no âmbito do desenvolvimento sustentável, ser desenvolvida no país. “A gente sempre desconfia quando o Brasil está em uma posição de liderança como esta, mas o fato é que temos competência para fazer e, neste caso, os empresários tiveram o mérito de ser pró-ativos”, afirma.A iniciativa pró-reciclagem de embalagens longa vida recebe também reconhecimento dentro das fronteiras do país. Em outubro, o Projeto Plasma foi anunciado como grande vencedor do Prêmio CNI 2005, no estado de São Paulo e também em âmbito nacional, na categoria Desenvolvimento Sustentável, modalidade Produção Mais Limpa.
Fonte: http://www.reportersocial.com.br/noticias.asp?id=1022&ed=meio%20ambiente



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